[RESENHA ESCRITA] ESSA LOUCURA ROUBADA QUE NÃO DESEJO A NINGUÉM A NÃO SER A MIM MESMO AMÉM

[RESENHA ESCRITA] “Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém” – Charles Bukowski


 Sinopse: 'Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém' reúne poemas selecionados de 11 livros do escritor que retratou o universo dos bêbados, dos marginalizados, dos solitários, dos perdedores e excluídos. Ao escrever de forma simples sobre os outsiders do cenário marginal, a poética de Bukowski dá voz a todos os órfãos do sonho americano. Confessionais, seus versos contam histórias de amor, sexo, relações turbulentas, bebida, escrita e subemprego, transformando a matéria do cotidiano em obra de arte.

Resenha: O livro escolhido para resenhar hoje tem uma história engraçada. Como a maioria sabe, fazemos encontros literários mensais na Livraria Saraiva em Curitiba pelo Clube do Livro. Na edição de agosto definimos que os próximos livros escolhidos para a edição de setembro, não seriam beeem escolhidos, mas sim desafios. Como somos em três integrantes no Clube, tivemos o dever de sortear um livro na biblioteca um do outro dentre os até então não lidos para os outros. O meu desafio era ler um livro da biblioteca da Nayara Sevciuc e lá fui eu!

A obra da vez tem um título gigantesco “Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém” de Charles Bukowski, selecionado e traduzido por Fernando Koproski. Este é um livro de poesias americanas selecionadas pelo tradutor dentre todas as obras do grande Bukowski. Para a obra, temos 45 poesias separadas em três grandes grupos e tivemos como referência 11 livros do Bukowski.

Essa resenha será um tanto diferenciada em seu formato, já que o próprio livro tem suas particularidades.

Antes dos poemas em si, temos uma breve introdução sobre o autor, revelando seu estilo e suas vontades nas páginas.

O universo Bukowski é um universo sujo, de bêbados, prostitutas, miseráveis, marginalizados. Os elementos que montam a obra poética retratam os eventos e experiências pessoais, tudo de uma forma bem característica e coloquial. Percebemos logo de início nos seus trechos, a vivacidade e espontaneidade das ruas, além, da sua característica ironia, humor e cinismo ao escrever. Todos os seus personagens são pessoas comuns, fazendo e agindo de maneira rotineira, de modo que o cotidiano e a realidade não sejam excluídas da poesia. Coisa que quase nunca acontece...

A visão de amor de Charles é um tanto diferente do senso comum, para ele o amor é sinônimo direto e proporcional a sexo, mulheres e até mesmo ternura. Notamos que em algumas obras, a relação entre o sexo sujo e a libertinagem, contradizem o fato do amor perfeito e do carinho que possam existir em relacionamentos.

Poesia é a maneira mais curta, bonita e explosiva de dizer o que queria” – Vida e Loucura de um Velho Safado - CB

É na poesia que Bukowski encontra o lugar onde ele pode impor significação e possibilitar suas lascas de sabedoria, normalmente em momentos triviais do rotineiro e hipócrita cotidiano. É lá que ele pode dizer coisas difíceis de uma maneira simples, desnudar a linguagem, derrubando a robustez das poesias e quebrando as regras das regras.

Como citado anteriormente, o livro é dividido em três partes, “Um lugar no coração” retratando as possibilidades e impossibilidades do amor, “Este é o meu piano” sobre o fazer poético, as relações entre o escritor, leitor e personagem, e por fim, “Como uma lua alta sobre a impossibilidade” trazendo a condição humana, perdidos ou excluídos do sonho americano.

GAROTAS QUIETAS E LIMPINHAS DE VESTIDO XADREZ DE ALGODÃO:


todas as que eu conheci são putas, ex-prostitutas,

mulheres loucas. vejo homens com mulheres quietas,

delicadas – eu os vejo em supermercados,
eu os vejo andando na rua juntos,
eu os vejo em seus apartamentos: pessoas em
paz, vivendo juntas. sei que a sua
paz é apenas parcial, mas há
paz, várias horas e dias de paz.
todas as que eu conheci são viciadas em pílulas, alcoólatras,
putas, ex-prostitutas, mulheres loucas.
quando uma parte
outra chega
pior que a anterior.
vejo tantos homens com garotas quietas e limpinhas de
vestido xadrez de algodão
garotas que não têm cara de onça ou
de predadora.
“jamais apareça com uma puta,” falo para meus
poucos amigos, “eu ia me apaixonar por ela.”
eu preciso de uma boa mulher. preciso de uma boa mulher
mais do que preciso desta máquina de escrever, mais do que
preciso de meu automóvel, mas do que preciso
de Mozart; eu preciso tanto de uma boa mulher que
até posso sentir o gosto dela no ar, posso senti-la
na ponta dos dedos, posso ver se fazerem calçadas
para seus pés passarem,
posso ver travesseiro para sua cabeça,
posso sentir minha risada à espera,
posso vê-la acariciando um gato,
posso vê-la dormindo,
posso ver os seus chinelos no chão.
eu sei que ela existe
mas nesse mundo, onde ela está
enquanto as putas continuam me encontrando?


“você não suportaria uma boa mulher, Bukowski.”

Minha percepção quando ao livro: Confesso que no antes de começar a ler as obras de Bukowski, fiquei um tanto apreensivo pelo fato de serem poesias, entretanto, assim que comecei fiquei bem a vontade. O autor é extremamente cínico e irônico, mistura coisas contraditórias na mesma linha de texto, apesar de manter a tradicionalidade na escrita. Algumas partes são um tanto forte para um público infantil, mas nada além do que já ouvimos por aí. Este desafio foi super importante para eu me auto desenvolver literariamente, forçando-me a sair da zona de conforto e levando para um outro mundo desconhecido. Despertou a vontade de ler mais obras do autor e explorar mais o mundo Bukowskiano de ser.


Notas gerais sobre o livro: Livro rápido, com os poemas escritos em inglês em uma página, e em português na outra, apenas 30 poemas curtos e ágeis.

I.S.B.N: 9788575779514
Altura: 14cm
Largura: 21cm
Profundidade: 1cm
Acabamento: Brochura
Número de páginas:
Editora: 264
Preço pago: R$: 47,00





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